quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

As Maltas. As de antes. A nossa, de agora.










SALVE TODAS AS MALTAS E SUAS RAZÕES DE EXISTIR!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Eixos e metodologia





“Desperta o coração pra capoeira!” (cantiga de domínio público)

Procuramos deixar aqui um pouco do registro da metodologia que usamos para podermos trabalhar com a capoeira na escola. Em 9 anos de 'estrada' parceria/batalha entre capoeira e escola, conseguimos perceber algumas coisas que nos direcionam para conseguir, principalmente, deixar o ambiente leve e à vontade para o desenvolvimento de crianças dentro da arte da capoeira. Capoeira pra crianças, em escola, é, em primeiro lugar, simplicidade. Encontros prazerosos que fortalecem o coração que desperta para a capoeira!

Utilizamos três eixos para o direcionamento da nossa proposta. Assim fica menos fácil se perder dentro do vasto universo da capoeira. São eles:

AMBIENTE E FUNDAMENTOS:
Por não haver (geralmente) uma sala específica para a capoeira, procuramos, dentro das escolas por ambientes onde os alunos possam perceber melhor os limites necessários a capoeira: o limite de si, do outro, da roda. Nossos encontros variam de 30 a 60 minutos, uma ou duas vezes por semana.
Há uma tendência em perceber e utilizar a capoeira como recreação, não focalizando as suas propriedades e misturando-a a outras brincadeiras, que trazem para a sua prática um sentimento de competição, indo diretamente de encontro ao sentimento de parceria e confiança no outro, que deve existir dentro da capoeira, até para a segurança de todos. Por não acreditar nesta aplicação e por estar consciente que a capoeira já traz, em si, brincadeira e recreação, busco junto aos participantes trabalhar a lateralidade e a disciplina, pois para a aquisição de controle e consciência corporal, é preciso concentração dentro da descontração e, por estarmos em grupo, atenção para não se atingir o ‘amigo’ quando se executa algum movimento. Neste sentido ainda estamos avançando e já alcançamos bons resultados: nossas turminhas vêm adquirindo a consciência que não corremos pelo espaço (por uma questão de segurança mesmo), que sentamos na roda de forma atenta e elegante e as pernas devem estar ‘de índio’ para que não recebamos pisões ou sejamos atingidos. Igualmente importante é organizar o espaço da roda, de modo que não haja ‘buracos’ para que nossa corrente de energia e concentração ‘escape’. Outro aspecto compreendido é o lugar de quem está tocando e a posição e local em que devem se posicionar na hora de jogar, bem como esperar por um sinal de permissão para o início do ‘jogo’. Apertar as mãos do amigo no início e fim de qualquer ‘jogo’ também é trabalhado continuamente em nossos encontros e já foi bem assimilado pela maioria dos participantes. Ainda estamos avançando nos momentos de formarmos duplas para a prática de uma seqüência de movimentos, onde é possível praticar o diálogo de corpos que a capoeira propõe (um ‘pergunta’ e outro ‘responde’ e já há uma ‘pergunta’ de novo...). Neste momento, há muita tendência a conversa e muitas vezes, lançamos mão de fazer os exercícios coletivamente em forma de roda ou os exercícios que partem da e/ou utilizam a parede como aparador. Pelo 'pouco' tempo que temos semanalmente, acreditamos ser importante a participação das crianças na roda quinzenal do grupo, onde vão poder realmente aplicar e perceber melhor o que praticaram. Essa roda acontece em praças ou no (NOVO!!) espaço do grupo.

CONTROLE CORPORAL:
Os movimentos-base que trabalhamos são essenciais para o desenvolvimento de qualquer praticante. Estão diretamente relacionados aos animais e a ferramentas de trabalhos manuais e modo de vida de trabalhadores braçais e procuramos vinculá-los a cantigas ou ritmos executados pelo berimbau ou pandeiro. Estes movimentos (ginga mais lenta e mais devagar, com o braço sempre protegendo o rosto, o caranguejo, o aú, o caranguejo que vira macaco, os tipos de benção, o sapinho, a cabeçada, a tesoura, a meia lua de frente, a queixada, o balanço do corpo, a bananeira, a ponte e o ‘sarto mortá’) vão, aos poucos, ensinando o controle sobre abaixar, levantar, aproximar, distanciar, dando também um controle abdominal, além da sustentação em cima de braços, pernas e (ainda muito pouco explorada) cabeça, o virar e perceber o mundo de cabeça para baixo com segurança e consciência, e, principalmente, a possibilidade de cair sem se machucar, acreditando ser a queda, um recomeço do jogo. Os golpes rotatórios ainda têm pouca participação em nossas turminhas iniciantes, as que já estão conosco a mais tempo, j´começam a trabalhar o rabo de arraia/meia lua de compasso. Ressalto que trabalhamos movimentos-base e não a capoeira em si. Muitas vezes, utilizamos um pedaço de madeira e/ou o berimbau para desafios: executar um movimento por baixo sem tocar o obstáculo ou pular por cima dele de aú (similar à estrela, mas não permite a tomada de impulso e deve ser executado de baixo para cima, e não o contrário). Estes exercícios motivam muito as crianças.

CANTO E RITMO:
Em todos os encontros, cantamos as cantigas e conversamos sobre ou as representamos com movimentos e objetos da capoeira. Ás vezes, desenhamos com giz no centro da roda, ilustrando a cantiga 'escolhida'. Os comentários que as crianças fazem são muito interessantes e geram, muitas vezes, inspiração para alguns versinhos espontâneos construídos pelas próprias crianças.
Muitos já se sentem à vontade para cantar na roda e pedem espontaneamente para serem ouvidos, outros ainda se sentem tímidos. Mas, se esforçam para memorizar as cantigas e superar os trava-línguas que contém. Eles se sentem muito ‘honrados’ quando em uma cantiga, fazemos um trocadilho e citamos seus nomes, ficando felizes e com sorrisos em seus rostos. Todos já percebem que os cantos são responsoriais, tradição africana milenar, onde um ‘puxa’ e os outros respondem cantigas simples que se referem à natureza, ao dia a dia, ao local que moram, ao trabalho que fazem. Repetidamente. Existem diferentes tipos de canto na capoeira, mas o que damos ênfase no momento são os responsoriais, chamados também de ‘corridos’.
Procuramos manusear o pandeiro, o reco-reco, o agogô e o berimbau. Em algum momento no semestre, abrimos uma cabaça, plantamos suas sementes e tiramos do pneu, o arame para se fazer o berimbau. Ainda há muito que se trabalhar em termos de percussão com todos os grupos, no entanto, o tempo que temos nos faz optar mais pela convivência, canto e o movimento que pela percussão em si.

É importante também comentar a busca pelo envolvimento dos pais dos alunos nas atividades do Grupo. Já conseguimos envolver as crianças e seus pais em oficinas de feitio de berimbau, oficina de feitio de caxixi e na Puxada de rede realizada pelos pais no Festival de 2010, a presença dos pais no Festival foi também muito legal e as rodas quinzenais que são, em realidade, garantidas por estes pais e mães que valorizam este trabalho levando a criançada para curtir esses momentos tão belos que a capoeira proporciona a quem a faz, quem a vê e quem a sente.
A valorização dos capoeiristas mais velhos, que nos inspiram e que convivemos também é parte integrante de nossa proposta.

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Malta da Serra

Nossa proposta: capoeira infantil em foco!